
Um estudo recente revelou que o lixo plástico está facilitando a proliferação do mexilhão-verde (Perna viridis), uma espécie exótica e invasora, na Baía de Guanabara.
O trabalho foi publicado na revista Marine Pollution Bulletin e conduzido por Alain Póvoa, doutorando da Universidade Federal Fluminense (UFF), sob orientação do professor Dr. Abílio Soares Gomes.
A pesquisa analisou resíduos coletados em praias de Niterói, destacando os impactos ambientais dessa bioinvasão.
O papel do lixo plástico como vetor de espécies invasoras
Os pesquisadores investigaram como o lixo plástico serve como “balsa” para a fixação e transporte de organismos marinhos. Entre os resíduos analisados, 99% eram plásticos, como polipropileno e PET, enquanto o restante incluía madeira, metal e vidro.
Esses materiais acumulam espécies como crustáceos, moluscos e esponjas, sendo que 36,4% das espécies identificadas são invasoras.
O mexilhão-verde foi encontrado incrustado em garrafas plásticas e outros substratos artificiais, como estruturas portuárias e cascos de embarcações.
Essa espécie ocupa um espaço ecológico diferente do mexilhão-marrom (Perna perna), nativo da região.
Segundo o professor Dr. Abílio Soares Gomes: Se o mexilhão-verde se estabelecer em substratos naturais, pode eliminar espécies nativas e causar desequilíbrios na rede trófica local.
Impactos ambientais e desafios regionais
Grande parte dos resíduos analisados não tem origem local. Eles chegam à Baía de Guanabara trazidos pelas marés ou vindos de municípios vizinhos que enfrentam dificuldades na gestão de resíduos sólidos.
Esse acúmulo não só ameaça a biodiversidade local como também acelera processos de bioinvasão.
O estudo alerta para a necessidade urgente de monitoramento contínuo dos resíduos marinhos e implementação de políticas públicas que reduzam a produção de plástico e melhorem o descarte correto desses materiais.
Iniciativas para combater a poluição e preservar a Baía de Guanabara
Algumas ações vêm sendo implementadas para mitigar os impactos da poluição e proteger o ecossistema.
- Segundo o jornal O Globo a região apresenta uma das maiores concentrações de microplásticos do mundo, com partículas provenientes tanto da fragmentação de plásticos maiores quanto de efluentes domésticos.
- Para enfrentar esse problema, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) tem utilizado ecobarreiras que retêm cerca de 200 toneladas de resíduos sólidos por mês. Além disso, iniciativas como o concurso “Inovação em Resíduos Sólidos” buscam estimular tecnologias sustentáveis e promover a educação ambiental como política pública.
- Já a Tribuna do Rio destaca a necessidade de monitoramento constante da proliferação do mexilhão-verde, uma espécie invasora que ameaça o litoral brasileiro.
Especialistas apontam que a falta de predadores naturais e a chegada dessa espécie por meio da água de lastro dos navios agravam o problema. Organizações como o Movimento Baía Viva defendem maior envolvimento das universidades e instituições científicas no monitoramento e controle dessa bioinvasão, além de políticas mais rigorosas para evitar novos casos.
Essas iniciativas refletem esforços conjuntos entre governo, instituições e sociedade para reduzir os impactos da poluição e preservar um dos ecossistemas mais importantes do Brasil.
Pesquisas futuras e soluções propostas
Alain Póvoa afirmou que pretende expandir sua pesquisa para outras áreas costeiras onde as correntes oceânicas favoreçam a chegada de lixo marinho.
Além disso, os pesquisadores defendem ações como:
- Redução do uso de plásticos descartáveis.
- Campanhas educativas para conscientizar a população.
- Políticas mais rígidas para rastrear a origem dos resíduos.
Fonte: https://www.uff.br/